11 Vidas – Lucas Lucco

 Certamente, meu Pai, se eu pudesse, trocaria parte da minha vida para te ter um pouco mais aqui comigo… Saudades!

Esta música, de Lucas Lucco, retrata um pouco da ligação entre Pai e Filho!

11 Vidas – Lucas Lucco

Me pareço tanto com você
Olhando dá pra ver
Seu rosto lembra o meu
Desde o primeiro aniversário
O primeiro passo
Sempre pronto pra me defender

Sempre que brigou comigo
Pra eu não correr perigo
Um herói pronto pra me salvar
E com você eu aprendi todas lições
Eu enfrentei os meus dragões

E só depois me deixou voar

Mas eu só quero lembrar
Que de 10 vidas, 11 eu te daria
Que foi vendo você
Que eu aprendi a lutar
Mas eu só quero lembrar
Antes que meu tempo acabe
Pra você não se esquecer
Que se Deus me desse uma chance de viver outra vez
Eu só queria se tivesse você

Pai
Eu sei o tempo é implacável
Afasta nossos corpos
Mas aproxima o coração
O seu nome sempre lembrado
Converso e falo de você sempre na oração

Pai
Foi muito chato crescer
Passei a não ter você contando histórias para eu dormir
Mesmo o mundo querendo me derrubar
Ao meu lado você sempre está

Pra me levantar quando eu cair

Mas eu só quero lembrar
Que de 10 vidas, 11 eu te daria
Que foi vendo você
Que eu aprendi a lutar
Mas eu só quero lembrar
Antes que meu tempo acabe
Pra você não se esquecer
Que se Deus me desse uma chance de viver outra vez
Mas eu só quero lembrar
Antes que meu tempo acabe
Pra você não se esquecer
Que se Deus me desse uma chance de viver outra vez
Eu só queria se tivesse você
Eu só queria se tivesse você
Eu só queria se tivesse você

“Pai, você diz que me criou para o mundo
Mas meu mundo é você. “

O primeiro 04 de maio sem o meu velho!

Hoje, 04.05.14, definitivamente passa a ser o dia mais triste pra mim de cada ano, completa-se exatamente 5 meses que perdi o meu Pai, Sr. Renato, e ao mesmo tempo hoje ele completaria 64 anos de idade.

Essa era talvez a única data do ano onde, ou pessoalmente, com um forte abraço, ou através de uma simples ligação, externava o meu reconhecimento e amor pelo meu velho. Infelizmente, não poderei NUNCA mais adotar este mesmo ritual… Mas deixo aqui registrado, aquela que seria a nossa conversa de hoje e de onde ele esteja talvez possa continuar recebendo o meu reconhecimento, o meu muito obrigado, o meu amor.

- Alô!

- Sou eu Negão, tudo bem?

- Oh meu filho, batuta? Como você está?

- Estou bem Pai… Te ligando para te dar os parabéns, felicidades, saúde e para confirmar aquilo que faço todo ano, que o Senhor foi e sempre será muito importante pra mim e tudo que eu sou ou serei devo a você… Eu te amo viu Sr. Renato! Saiba disso!

- Eu sei meu filho! Obrigado! Também te amo!

A dor da perda…

É um caminho inevitável. Temos todos, um dia ou outro, de uma forma ou de outra (e geralmente de várias formas mesmo), que viver isso. Não porque é uma fatalidade do destino, mas porque faz parte da vida.

E cada um de nós vive, mesmo se de maneira dolorosa igual, de um jeito diferente as diferentes perdas pelas quais temos que atravessar.

A pior de todas, é quando alguém que a gente ama morre. Esse é um sentimento de perda irreparável. Um amigo não vale pelo outro, um irmão não vale pelo outro e nada no mundo poderá substituir nossos pais. Tenho uma amiga sábia que diz que “nunca somos velhos o suficiente para ficarmos órfãos.” E ela tem razão. E mesmo se o tempo aplaca essa dor, sempre vai ficar dentro da gente aquele sentimento indecifrável de vazio. É a idéia do “nunca mais ver” que dói mais. E quando esta se une à idéia de não termos feito algo mais, não termos dito algo mais, ainda é pior.

Outra dor de perda é quando a pessoa que se ama se vai. Nesse caso existe uma mistura de dor de orgulho e dor de medo de se ficar sozinho, muitas vezes porque o que existia não era realmente amor, mas uma dependência emocional do outro. Dor de orgulho, porque ninguém nessa vida foi feito pra perder. Dor de ter sido deixado, dor de rejeição, que chega a doer até fisicamente. Não adianta dizer nesse momento que “quando se perde um ônibus vem dez atrás”, porque a pessoa vai te dizer que o que perdeu era justamente aquele que queria. Mas quando o tempo cura essa ferida (e o tempo cura todas as feridas!) e o coração começa a bater mais forte por outra pessoa, aí então a gente esquece. E ninguém precisa ter medo de ficar sozinho, pois só vai ficar sozinho quem não se abrir a novas possibilidades.

E com isso tudo, o que é preciso mesmo é que aprendamos o sentimento de aceitação. Não passiva, de se deixar levar. Mas aquela de quando se sabe que vai se viver o inevitável, de viver isso da melhor maneira possível. Nenhum de nós está preparado pra isso, mas sabemos que é a vida.

E não deixar que a dor do orgulho possa impedir que vivamos, isso é importante. Alguém me contou recentemente que sofreu dois anos por ter perdido um amor e depois é que reconheceu que o sofrimento não era realmente de amor, mas do orgulho de ter sido deixado. Uma vez reconhecido isso, ele deu um passo à frente e encontrou aquela que hoje em dia é sua esposa, que portanto já fazia parte do grupo que conhecia e freqüentava. É preciso muita sabedoria para se tirar a venda do orgulho dos olhos.

Fazer com que os que amamos saibam disso é uma maneira de se preparar a viver diferente a perda, se esta se der. É preciso dar de si mesmo enquanto se pode. É preciso evitar o “ah, se eu soubesse” e “ah, se eu pudesse voltar” do futuro. É preciso oferecer flores enquanto se pode vê-las e senti-las.

Se você gosta de alguém, diga, demonstre. Nem todo mundo sabe adivinhar. Transforme em gestos e palavras tudo aquilo que se passa no seu coração.

Vive muito melhor dor de perda quem sabe que fez a sua parte. Ainda vai doer, mas de maneira bem diferente.

Por Letícia Thompson